Andréa Vergani
As Vozes Femininas no Summit Cidades

A quinta edição do Summit Cidades, maior encontro de cidades do Brasil, aconteceu nos dias 24, 25 e 26 de junho de 2025, no CentroSul, em Florianópolis. O evento reuniu representantes do setor público, privado, academia e sociedade civil, com o objetivo de compartilhar experiências e debater soluções e tendências que impactam diretamente o futuro das cidades — e, consequentemente, o cotidiano de todas e todos nós.
Com uma programação diversa e enriquecedora, o Summit contou com palestras de grandes nomes nacionais e internacionais, workshops, painéis e feira de negócios. Foi um ambiente fértil para networking, troca de conhecimentos e articulação de parcerias transformadoras.
E como bem destacou o jornalista Upiara Bosch em seu artigo, o protagonismo feminino marcou presença histórica na edição de 2025, com mais de 213 mulheres ocupando os palcos do evento.
Mulheres assumindo posições de fala, liderança e influência em um espaço de debate tão estratégico representa um avanço importante na direção de uma sociedade mais equitativa, plural e representativa.
Durante décadas, a ausência feminina nesses espaços não foi mera coincidência: foi a consequência de estruturas que historicamente invisibilizaram as vozes femininas. Ver esse cenário começar a mudar, ainda que lentamente, é motivo celebração.
Contudo, a realidade ainda é marcada por desigualdades. Os espaços de poder seguem majoritariamente masculinos, sustentados por barreiras culturais, institucionais e políticas que persistem no presente. Romper com esse padrão exige mais do que presença: exige intencionalidade, compromisso e continuidade.
Aliás, é fundamental destacar: as mulheres que estiveram no Summit Cidades não estavam ali para cumprir uma cota simbólica. Estavam porque têm competência, vivência, repertório e autoridade para contribuir. Sua participação foi essencial para a qualidade e profundidade dos debates.
Nós, mulheres, representamos mais de 50% da população brasileira. Não é aceitável que sigamos à margem dos espaços onde se decide o futuro das cidades em que vivemos. Precisamos estar nesses lugares, com voz ativa, contribuindo com nossos saberes, experiências e perspectivas. E quando essas perspectivas são incluídas, toda a sociedade ganha.
Sabemos que mudanças culturais são lentas. Mas que também não acontecem sozinhas. É preciso intenção. É preciso líderes comprometidos com a equidade. É preciso uma sociedade disposta a rever seus paradigmas. E, acima de tudo, é preciso lembrar que equidade de gênero não é um favor — é um direito constitucional. Um direito que, inclusive, beneficia toda a coletividade.
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