Não é segredo para ninguém: o prefeito de Florianópolis, Topázio Neto, tem um favorito declarado. Fábio Botelho, seu pupilo e fiel escudeiro, é tratado nos bastidores como o “vice-prefeito de fato” e, agora, como prioridade absoluta para a próxima eleição. A movimentação no Paço Municipal tem um objetivo claro: eleger Botelho — custe o que custar.

Exoneração Silenciosa e Ruídos Públicos

Essa prioridade começa a causar rachaduras políticas visíveis. Um exemplo emblemático é a iminente exoneração da subsecretária de Turismo, Maria Eduarda Calliari. A notícia, segundo fontes, foi dada não pelo prefeito, mas por Eduardo, adjunto da Casa Civil. Duda, como é conhecida, está no cargo desde o início da gestão e tem reconhecimento pela dedicação e responsabilidade com que exerce sua função.

A decisão, além de surpreendente, pegou mal politicamente: nem a própria Duda foi comunicada diretamente, tampouco o vereador Rafinha Lima, responsável por sua indicação. Para tentar conter o desgaste, teria sido oferecida a ela a Coordenadoria da Juventude — cargo que, segundo fontes, foi recusado. Para seu lugar, o nome cotado é o de Renê Meneses, ex-presidente da Santur e candidato a deputado estadual em 2022 pelo Republicanos. A missão? Assumir a pasta para reforçar o projeto eleitoral de Botelho.

Rebelião Silenciosa: Câmara em Alerta

Mas a substituição de Duda é apenas a ponta do iceberg. A base de apoio do prefeito na Câmara de Vereadores está em ebulição. Nomes como João Cobalchini, Pri Fernandes, Manu Vieira e Gui Pereira já demonstram abertamente desconforto com os rumos da articulação política. A percepção é clara: Topázio centraliza decisões e ignora aliados estratégicos — inclusive aqueles com projetos próprios rumo à Alesc.

A insatisfação também bate à porta de aliados mais próximos, como Rafinha Lima, que viu seu grupo político sofrer uma baixa sem sequer ser consultado, e João Padilha, nome apadrinhado por Ana Campagnolo, que observa os movimentos com cautela.

Entre Jorginho, Paulinha e a Geometria das Alianças

Enquanto foca todas as fichas em Botelho, Topázio arrisca se afastar de projetos maiores — como a reeleição do governador Jorginho Mello. A dúvida que ronda os bastidores é se o prefeito pretende manter lealdade institucional ou seguir pelo caminho do pragmatismo eleitoral puro. Uma equação que, se mal resolvida, pode custar caro em 2026.

Outro foco de tensão é a disputa por uma vaga à Câmara Federal. Postulantes ao cargo de Deputado Federal observam com desconforto o favoritismo escancarado de Topázio por Paulinha — hoje tratada como a “queridinha” do prefeito. Uma escolha que pode provocar divisões profundas entre os grupos de apoio.

Marianne Mattos e o Jogo Duplo

A secretária de Segurança Pública, Marianne Mattos, também entrou no radar das especulações. Ligada politicamente à deputada Ana Campagnolo, Marianne tem feito gestos públicos a favor de Botelho. Para muitos, joga em dois campos; para outros, prepara um novo arranjo político. E agora?

E os Deputados?

Parlamentares que destinaram volumosos recursos à Capital também começam a demonstrar irritação. Muitos tinham acordos políticos apalavrados com o prefeito. Agora, observam a movimentação de Topázio com crescente desconfiança. A política cobra reciprocidade — e o silêncio do prefeito pode resultar em rompimentos duradouros e até mesmo desgaste para o governador Jorginho.

Entre o Pupilo e a Cidade

Topázio parece ter chegado a uma encruzilhada: seguir com o favoritismo pessoal ou costurar uma frente política ampla e coesa. A eleição de 2026 está logo ali, e os sinais de desgaste já são visíveis. Insistir na imposição de um nome, sem diálogo e articulação, pode transformar aliados em adversários e colocar em xeque um projeto que, até aqui, parecia promissor.

O comandante da Capital precisa escolher: vai pilotar o navio com todo o time a bordo — ou continuará navegando com o leme nas mãos de poucos?