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Florianópolis,20/12/2025

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Andréa Vergani

Os muitos desafios do Empreendedorismo Feminino

Diretora de Micro e Pequenos Negócios da Prefeitura de Florianópolis Suplente de Vereador em Florianópolis


Os muitos desafios do Empreendedorismo Feminino

Você sabia que as elevadas taxas de juros praticadas em financiamentos voltados aos pequenos negócios (MEI, micro e pequenas empresas) ficam ainda mais caras quando os tomadores são as mulheres empreendedoras?

Um estudo realizado pelo Sebrae Nacional, com base em dados do Banco Central, escancarou a desigualdade de gênero também nos negócios. 

Com base nas operações realizadas no primeiro trimestre de 2024, a pesquisa “O financiamento do empreendedorismo feminino no Brasil: um panorama do mercado de crédito” revelou que, enquanto nos financiamentos contratados pelos donos de pequenos negócios a taxa média de juros foi de 36,8% ao ano, para o público feminino ficou em 40,6%. 

Mas não para por aí. 

Além de arcarem com uma taxa de juros maior, as mulheres ficam com uma fatia menor dos recursos que o mercado de crédito disponibiliza para o pequeno negócio. O estudo mostra que as empreendedoras respondem por quase 40% do total de 23,1 milhões de operações realizadas no primeiro trimestre deste ano, mas, em termos de valores, só obtiveram 29,4% dos R$ 109 bilhões de empréstimos destinados ao segmento. Ou seja, o valor do crédito concedido é superior quando se trata de um negócio liderado por um homem.

Essa não foi a primeira pesquisa que escancarou a desigualdade entre empreendedores homens e empreendedoras mulheres. Em 2018 o Sebrae SC já havia divulgado pesquisa no mesmo sentido. 

Além da dificuldade de acesso ao crédito, as mulheres empreendedoras ainda precisam enfrentar outros obstáculos, que igualmente escancaram a desigualdade de gênero presente na nossa sociedade. 

A motivação que leva mulheres a empreenderem difere da motivação que leva homens a empreenderem. Enquanto muitas mulheres ainda empreendem por necessidade, homens, em sua maioria, empreendem por oportunidade. 

O empreendedorismo materno representa uma fatia considerável do mercado do empreendedorismo feminino. Muitas mulheres começam a empreender após a maternidade, seja por terem sido dispensadas após o retorno da licença maternidade, seja por não conseguirem creches em período integral para os seus filhos, dificultando assim o acesso ao mercado de trabalho formal, seja para tentar conciliar a vida profissional com a maternidade.

Assim, o empreendedorismo feminino acaba se revelando como uma saída para muitas mães que foram dispensadas dos seus empregos, mães que não conseguiram matricular seus filhos em creches, mães solos, mães de filhos com deficiência e tantas outras situações que igualmente são desencadeadas pela desigualdade de gênero em nossa sociedade. 

A violência doméstica e a dificuldade de se encaixar no mercado de trabalho após determinada idade, também empurra mulheres para o empreendedorismo. 

Porém, dentro de casa essas mulheres também encontram inúmeros desafios. Não raras vezes as mulheres não encontram apoio dos seus próprios pares para que possam investir tempo e dinheiro em seus negócios. A divisão desigual do trabalho doméstico também é fator que prejudica as mulheres em suas carreiras e negócios. Mulheres empreendedoras enfrentam jornadas duplas, triplas. 

E, muitas vezes, mulheres vão trabalhar nos seus negócios de madrugada, quando os filhos já tomaram banho, jantaram e estão dormindo, já que são elas as maiores responsáveis pelo trabalho do cuidado em suas residências. Assim, muitas vezes não conseguem investir tempo de qualidade em seus negócios. 

A ausência de incentivo do parceiro e a falta de divisão das tarefas dentro de casa, contribui para que muitas mulheres empreendedoras não consigam avançar em seus negócios da maneira que gostariam ou poderiam. 

Os componentes estruturais e socioculturais precisam ser reconhecidos, assim como a necessidade de ações, tanto no âmbito público quanto no privado, tais como os próprios papeis de gênero.

O impacto positivo social, econômico e ambiental do empreendedorismo feminino é gigantesco e precisa ser reconhecido e valorizado. Negócios liderados por mulheres tem uma visão mais colaborativa, sustentável e inclusiva, o que impacta positivamente em todo o seu entorno. 

Mulheres que empreendem querem mudar o mundo e trabalham pela transformação social!

Além disso, mulheres investem seu dinheiro no bem-estar da sua família e da sua comunidade, com destaque para educação e saúde. 

Ser mulher e empreender é muito mais do que abrir um negócio.

É enfrentar jornadas duplas (ou triplas), vencer preconceitos, lutar por espaço e, ainda assim, gerar impacto real na economia e na sociedade.

Por que, ainda assim, o empreendedorismo feminino carece do suporte necessário? 

Se ser empreendedor no Brasil é “matar um leão por dia”, ser empreendedora no nosso país é “matar vários leões por dia”



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