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Florianópolis,04/05/2025

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Andréa Vergani

Mães e o Mercado de Trabalho: Um Desafio Coletivo


Mães e o Mercado de Trabalho: Um Desafio Coletivo

O mês de maio, em que celebramos tanto o Dia do Trabalhador quanto o Dia das Mães, nos convida a uma reflexão urgente e necessária sobre a realidade das mulheres que tentam conciliar maternidade e carreira.

Os dados são alarmantes: uma em cada duas mulheres é demitida após se tornar mãe. E o problema não para por aí. Em média, essas mulheres levam cerca de quatro anos para retornar ao mercado de trabalho e, quando conseguem, voltam ganhando menos do que antes da maternidade. São números que escancaram não apenas desigualdades, mas também uma cultura estrutural de violência de gênero também no ambiente profissional.

Aquelas que não são dispensadas por seus empregadores, não raras vezes se veem obrigadas a pedir demissão, diante de uma licença-maternidade insuficiente, jornadas inflexíveis, ausência de creches em período integral e falta de suporte familiar. 

As que “permanecem” nos empregos, muitas vezes o fazem à custa da própria saúde física, mental e emocional. 

A sobrecarga do cuidado — ainda concentrada quase exclusivamente nas mães — torna-se um fardo silencioso que mina suas oportunidades de ascensão profissional.

A dificuldade de crescimento dentro das empresas e as negativas em entrevistas de emprego são frequentes. Quem é mãe provavelmente já ouviu a clássica pergunta: “E quando seu filho fica doente, quem cuida dele?”. 

Não à toa, muitas mulheres, ao se tornarem mães, acabam buscando formas alternativas de trabalho, mais flexíveis, que permitam conciliar o cuidado com os filhos e a rotina doméstica. Mas essa alternativa frequentemente vem acompanhada de perda de renda e estagnação profissional.

As inexpressivas “licenças” paternidade e amamentação contribuem para esses dados. Aliás, nem sei se tais licenças poderiam, de fato, ser consideradas “licenças” dado o curto período a que se destinam.

Fato que não surpreende, visto que, desde sempre, quem pensa, elabora e executa as leis são, em sua maioria homens, que não vivenciam as situações anteriormente relatadas e, muitas vezes, sequer sabem da existência delas. 

A maternidade, portanto, tem sido um ônus para as mulheres no que diz respeito à empregabilidade e renda. Enquanto isso, estudos apontam que, para os homens, PASMEM, ter filhos pode até impulsionar suas carreiras. (Fonte: PNADC – FGV IBRE).

E isso sem entrarmos em temas igualmente importantes que afetam a trajetória e a saúde mental das mães, como depressão pós-parto, violência obstétrica, maternidade solo e violência doméstica — que merecem um debate à parte.



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