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Florianópolis,13/09/2025

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Juventudes de duas gerações lançam em Florianópolis campanha “Sem Anistia”


Juventudes de duas gerações lançam em Florianópolis campanha “Sem Anistia”

Florianópolis acorda neste 9 de setembro preparada para a segunda semana do Julgamento de Bolsonaro e de outros sete réus: uma rede de outdoors está sendo desde hoje de manhã cedo afixada em pontos estratégicos da cidade e arredores. Fazem parte da primeira fase da campanha “Sem Anistia para golpistas e traidores da Pátria”, lançada por integrantes do grupo Amigos da Viração e membros da União da Juventude Socialista que uniram duas gerações de luta contra golpes para conclamar a defesa da democracia e da soberania nacional.

O manifesto se inspira na campanha lançada no mês de agosto em Goiânia, também por iniciativa dessa corrente política que surgiu no movimento estudantil na década de 1980. Em Florianópolis, a ação partiu igualmente de um grupo da saudosa Viração, com cerca de 50 antigos militantes estudantis e simpatizantes, muitos dos quais participaram da luta contra a ditadura. Eles se uniram aos jovens da UJS, que também desejavam contribuir com o momento histórico que o Brasil está vivendo.

Através de suas redes sociais, o grupo realizou uma vaquinha de acordo com as possibilidades de contribuição de cada integrante. Com o dinheiro arrecadado, produziu de largada cinco outdoors e 1000 adesivos, além de preparar materiais para divulgação da campanha nas redes sociais. As mensagens defendem a punição dos golpistas acusados de tentativa de golpe e ruptura violenta contra o Estado Democrático e de Direito. Buscam conscientizar a população e também estimular outros movimentos sociais, sindicatos, partidos, frentes políticas, parlamentares e figuras públicas a promoverem iniciativas semelhantes, explica João Ghizoni, que foi coordenador estadual da Viração na sua juventude e eleito a vereador por Florianópolis em 1989.

Os militantes entendem que é preciso uma ação punitiva contundente para dar um basta ao ciclo de golpes históricos que impedem o fortalecimento democrático e a independência econômica do Brasil, jogando o país sempre para o retrocesso, para a pobreza e infelicidade social. “Defendemos cadeia sem anistia para os golpistas e traidores da pátria”, resume Ghizoni.  

Na sequência das manifestações ligadas à Semana da Pátria, os outdoors estão sendo instalados na Beira-mar, ao lado do Terminal Trindade; outro na entrada do bairro Santa Mônica; outro na SC 401, próximo à Polícia Rodoviária; outro na Beira Mar Sul, próximo ao trevo da Seta e outro ainda na BR 101, no município de Biguaçu.

Viração: ecos de uma luta histórica

Força jovem contra a ditadura tardia, quando pessoas ligadas à resistência ainda eram perseguidas, presas, mortas, desaparecidas, a corrente estudantil Viração emergiu a partir de 1980. Durante pelo menos duas décadas, foi uma das mais atuantes dentro das universidades brasileiras e escolas de ensino médio. Venceu inúmeras eleições para a União Nacional dos Estudantes, União Brasileira dos Estudantes, União Estadual dos Estudantes, Diretórios Centrais, Centros Acadêmicos e Grêmios por todo o Brasil, conforme explica Nildomar Freire, que atuou na Viração em Sergipe desde que era estudante secundarista e continuou cultuando a memória do movimento ao vir para Florianópolis, onde ingressou como servidor na Justiça Federal e se elegeu a vereador em 2000.

Essa corrente liderou mobilizações por mais verbas para a educação, pela democratização do acesso universitário e pela conquista do passe estudantil, que foi um marco na luta por direitos sociais. “Atuou fortemente pelo fim da ditadura militar nas memoráveis campanhas das Diretas Já (1984) e pela convocação da Assembleia Nacional Constituinte”, lembra Nildão, como é conhecido.

Duas juventudes marcadas pela luta contra o golpismo no Brasil

- A Campanha Sem Anistia demonstra o comprometimento de duas forças jovens com a democracia: uma muito atuante no passado, a Viração, que deu origem a outra força muito atuante no presente e no futuro, a União da Juventude Socialista (UJS). Ao dizer “sem anistia” dizemos que aqueles que atentam contra a democracia devem ser punidos, pois quem atenta contra as instituições eleitas atenta contra o Brasil. Isso é muito grave no momento quando forças reacionárias, inclusive ligadas a movimentos fascistas, tentam minimizar a importância dos crimes cometidos. Então esse posicionamento político da juventude é salutar porque reconhece que a democracia é um valor fundamental. Ou seja: A juventude do passado e do presente diz não à anistia e sim à democracia. Reconhece a importância das eleições, das instituições democráticas e defende o Estado democrático e de Direito. Viva a Juventude brasileira!

Lia Klein, nutricionista, professora da UFSC e vereadora por Florianópolis em 1997-2000

- Existe um coletivo vivo de memórias das lutas nacionais que as correntes estudantis Viração e UJS viveram profundamente entre os anos 80-90 e que marcou história contra a Ditadura Militar, pelas Diretas Já, o Fora Collor, em Defesa da Universidade Pública, Gratuita e de Qualidade. E hoje, quando o país volta a ser atacado novamente na sua soberania e democracia, este mesmo coletivo espalhado pelo Brasil se levanta com grande espírito vivo, atento e forte em defesa do país. A Corrente Estudantil Viração SC, que marcou os anos 80 nas lutas pelas Diretas Já, pela democracia e pela universidade pública, gratuita e de qualidade, se junta hoje à UJS de Santa Catarina numa mesma trincheira. Juntas, espalham pelas ruas em outdoors e adesivos uma mensagem direta: “Sem anistia para golpistas! Em defesa da soberania nacional e da democracia!”.

Rosângela Folchini, bióloga, vice-presidente do DCE na gestão 1984-85, instrutora de línguas em Massachusetts

- A Viração não apenas enfrentou o autoritarismo, mas também semeou práticas de organização coletiva que moldaram gerações de militantes e gestores públicos.  E 45 anos depois, seu legado continua a inspirar movimentos que defendem uma educação pública, gratuita e de qualidade para todos, bem como a defesa da democracia, da soberania nacional e o avanço nos direitos sociais do povo brasileiro.

Nildomar Freire, servidor público federal da Justiça do Trabalho, vereador por Florianópolis em 2001-2004

Informações e fotos: jornalista Raquel Wandelli




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